A Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) promoveu nos últimos dois dias (10 e 11/01) um evento simulado de epidemia de dengue e chikungunya para integrar ações de diferentes setores da instituição. Os exercícios foram ministrados pela Organização Panamericana de Saúde (Opas) e contaram com a participação da secretária de Estado de Saúde, Cláudia Mello, além de subsecretários e profissionais de saúde de diversas áreas. O principal objetivo foi prepará-los para oferecerem respostas rápidas à população do Estado do Rio de Janeiro, em diferentes cenários epidêmicos, desde a chegada dos pacientes às unidades para análise clínica à coleta de exames enviados ao laboratório.
Os consultores da Opas simularam quatro cenários epidemiológicos diferentes para identificar eventuais lacunas na preparação e resposta do sistema de saúde do estado. As equipes tiveram que apresentar planos de contingência, diretrizes operacionais e procedimentos padrão por meio de exercícios teóricos e debates sobre as ações sugeridas para cada situação.
“Este simulado é importante para garantirmos eficiência desde a investigação de casos ao atendimento aos pacientes com suspeita de dengue em nossas unidades. Integrar os diversos setores em um cenário de epidemia é fundamental”, disse a secretária Claudia Mello.
O consultor de Vigilância, Preparação e Resposta a Emergências e Desastres do escritório da Opas e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, Rodrigo Said, enfatizou a importância da parceria com o Estado para o fortalecimento das ações de saúde. Said pontuou ainda que o manejo clínico correto dos pacientes, por exemplo, é eficaz para minimizar o número de mortes.
“Precisamos pensar em processo de aperfeiçoamento contínuo. Perceber se o paciente foi hidratado, ficar atento à classificação de risco, valorizar os sinais de alarme. O nosso objetivo é sempre reduzir a letalidade”, disse.
Ao longo da capacitação foram levantadas questões como quais indicadores devem ser selecionados para avaliar o cenário epidemiológico; as medidas de controle vetorial; veículos, equipamentos de proteção individual e equipes de campo a serem enviadas para os municípios; estratégias de gestão intersetoriais e interinstitucionais a serem desenvolvidas; os principais aspectos da linha de cuidado ao paciente com dengue ou chikungunya; investigação dos óbitos; coleta, acondicionamento, transporte, análise e disponibilização dos resultados de amostras para as arboviroses em contexto de emergência; gestão de insumos estratégicos; fluxos assistenciais e regulação de leitos; entre outros aspectos. O treinamento também abrangeu as seguintes áreas: assistência farmacêutica, atenção primária, urgência, emergência, regulação, gestão hospitalar e controle laboratorial.
“Vale a pena pensar nas estratégias de discussão ampliada da rede para melhorar a coordenação e colaboração e esclarecer funções e responsabilidades”, completou Roberto Said.
Silvana Pereira, representantes da rede assistencial da secretaria, destacou que a participação no simulado trouxe novo olhar para um trabalho já realizado, mas com possibilidade de aprimoramento.
"Importante dizer que a oportunidade de aprendizado e atualização proporciona uma melhoria contínua na assistência integral e segurança do paciente, identificando sinais e sintomas e evitando agravo à saúde do paciente atendido", pontuou.
Renato Dantas, assessor técnico da Coordenação de Vigilância Ambiental da SES-RJ, fez um balanço da sua participação no simulado.
"O treino proporcionou uma visão clara das áreas em que podemos aprimorar nossos processos e capacidade de resposta rápida. Foi revelador constatar que muitas das atividades propostas pela OPAS já estavam sendo executadas pela nossa equipe. Agora, estamos embarcando em um processo de aperfeiçoamento e ajustes do nosso Plano de Contingência Estadual para as Arboviroses", analisou.
Silvia Carvalho, superintendente de Emergências em Saúde Pública da SES-RJ, destacou que a reestruturação do órgão tem como premissa promover respostas coordenadas por meio da articulação e da integração dos atores envolvidos, permitir a análise dos dados e informações para subsidiar a tomada de decisão dos gestores e técnicos, entre outras ações.
"A partir desses meios podemos definir estratégias e ações adequadas e oportunas para o enfrentamento de emergências sempre de maneira modular e flexível", ressaltou.
Na aula ministrada pelo consultor da OPAS Rodrigo Frutuoso, foi pontuado que o manejo de um cenário de emergência é composto por três níveis de resposta: alerta, perigo iminente e emergência em saúde pública (ESP). Luciane Velasque, superintendente de Informação Estratégica em Vigilância e Saúde da SES-RJ, afirmou que novos protocolos serão estabelecidos a partir de agora.
"Esse foi um encontro divisor de águas. Vamos reorganizar nossos processos, ou seja, traremos nossos indicadores epidemiológicos e assistenciais para as análises de dados. Já a partir da próxima semana teremos novos encontros intersetoriais para que os avanços e aprendizados sejam colocados em prática", contou.
Ao fim do evento, foi acordado que um novo Plano de Contingência, com novas recomendações sobre o fortalecimento dos sistemas, será entregue à OPAS.